MOSCOU (Reuters) - Ataques racistas acontecem na Rússia com uma regularidade impressionantemente alta e o governo está ignorando o problema, denunciou a Anistia Internacional (AI) em um relatório divulgado na quinta-feira.
Segundo o documento, qualquer pessoa que não tenha os traços étnicos de um russo corre perigo, independente de ela ser um estudante africano em São Petersburgo ou alguém do Cáucaso que tenta ganhar a vida em Moscou.
Crianças pequenas vindas do Tadjiquistão também foram vítimas de gangues formadas por jovens com idéias neofascistas. E ataques contra judeus parecem ter se tornado mais frequentes, afirmou o grupo.
Segundo a AI, entidades de combate ao racismo e até mesmo fãs de rap sofreram agressões por que os "skinheads", como são chamados os racistas na Rússia, os vêem como "traidores".
O relatório pode propiciar uma leitura desagradável para o presidente russo, Vladimir Putin, no momento em que ele se prepara para sediar uma cúpula do G8 (Grupo dos Oito) em São Petersburgo em julho, a fim de mostrar seu país como um Estado moderno e responsável.
"A penetração do racismo na Rússia é incompatível com o lugar do país no palco internacional e mina sua postura diante do mundo", disse em um comunicado Irene Khan, secretária-geral da Anistia Internacional.
INSEGURANÇA E RAIVA
A situação caótica que se seguiu à queda da União Soviética alimentou a insegurança sobre o lugar da Rússia no mundo e a raiva em relação à suposta ameaça representada pela imigração. Os grupos racistas multiplicaram-se.
A cidade de São Petersburgo é conhecida por ser palco de ataques. No mês passado, um estudante senegalês que saía de uma boate com alguns amigos foi morto com um tiro de espingarda na qual estava gravada uma suástica nazista.
É difícil transcorrer uma semana sem alguma notícia sobre um ato de violência racista. Nesta semana, em Moscou, adolescentes armados com correntes espancaram um russo quando ele tentava proteger seus sobrinhos mestiços.
O relatório da AI afirmou que até recentemente as autoridades não reconheciam os ataques como um problema. Os políticos ignoram a questão e a polícia ou deixa de investigar as agressões ou as investiga de forma inadequada.
Parte da população começa a se mobilizar, realizando passeatas pacíficas a fim de condenar os racistas e lembrar as vítimas da violência.
"Esses ataques violentos são uma das manifestações mais visíveis da intolerância e xenofobia arraigadas em muitos setores da sociedade russa", acrescentou Khan.
"Ainda assim, o fato de os crimes de ódio racial terem sido ignorados encorajou a disseminação da xenofobia extremista e do neofascismo no país".
http://noticias.uol.com.br/ultnot/reuters/2006/05/04/ult729u56376.jhtm
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